sábado, 3 de setembro de 2011

O que é sentimento?

Sentimento (Do lat. sentimentum) s.m. 1. ato ou efeito de sentir(-se) 2. aptidão para sentir; disposição para se comover ou se impressionar; sensibilidade. 3. faculdade de conhecer, perceber, apreciar; noção, senso. 4. atitude mental ou moral caracterizada pelo estado afetivo. 5. disposição emocional complexa da pessoa, predominantemente inata e afetiva, com referência a um dado objeto (outra pessoa, coisa ou idéia abstrata), a qual converte esse objeto naquilo que é para a pessoa; afeto, afeição, amor. 6. expressão viva, animada; entusiasmo, emoção. 7. experiência afetiva de desprazer; pesar, tristeza, mágoa 8. percepção íntima; conhecimento imediato; intuição, pressentimento.

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada."
Clarice Lispector

Uma vez escrevi: "Meu nome é Angústia". Naquela época me nomeei Angústia sem razão alguma, sem pensar a respeito, apenas senti que a palavra soou bem aos meus ouvidos e que ao escrevê-la parecia que aquilo fazia sentido, mesmo que eu não compreendesse o porquê. Eu sentia algo dentro de mim, algo oculto e ameaçador.

Sempre fiquei confusa com relação a alguns dos meus sentimentos e atitudes. As vezes eu me sentia como uma marionete controlada por mãos misteriosas. Outras vezes eu me mexia, falava e pensava como devia, mas o que eu sentia não correspondia aquilo que eu mostrava do lado de fora. Eu me sentia traída por mim mesma.

Entre ser manipulada e traída, eu acabei completamente perdida e como consequência machuquei muitas pessoas ao meu redor, principalmente a mim mesma. Chequei a me considerar nociva aos outros. Eu não compreendia o que eu sentia, eu não conseguia compreender o que os outros sentiam, eu não sabia quem eu era.

Quando chequei ao meu limite, enfim, perdi completamente minha identidade. Foi neste ponto da minha vida que embarquei numa busca insana pela resposta da pergunta: Quem sou eu?. E essa busca me conduziu a um lugar que fica à beira da insanidade. Pensar enlouquece. E de tanto pensar descobri o que estava oculto em mim.

Angústia, essa palavra quer dizer muitas coisas, mas quando eu a disse há algum tempo atrás, sem ter a menor consciência, algo dentro de mim gritava que eu estava com medo. Eu demorei a ouvir esse grito, mas quando eu o ouvi já era tarde demais. Eu fui atropelada por algo que estava muito além das minhas forças. A mim mesma, a insanidade.

Como todo ser humano eu sou imperfeita e capaz de fazer todo e qualquer mal. Sou inacabada e consciente do meu inacabamento. Eu pensava ser como todos os outros, mas não sou. Não sou nem mais, nem menos, mas sou diferente de uma forma não trivial. Com a minha insanidade eu desvendei o maior enigma da minha vida.

Fiquei insana. E depois fiquei doente, com dores, com o corpo machucado, depressiva, perturbada, suicida, dopada, confusa, histérica, apática, drogada. Precisei de oito meses infernais para descobrir a resposta do enigma, uma simples palavra que define a minha vida de sintomas. Essa palavra não justifica nada, apenas esclarece.

Ser depressivo era considerado romântico, poético. Hoje é o mal do século, afinal de contas, todo mundo tem ou conhece alguém que tem. O Stress é como um espirro, você pode ter todo dia. Tudo hoje é banal, e é por isso que eu acho que estamos cada vez mais doentes, algo dentro de nós grita contra a banalidade do mundo.

Meu nome é Renata Leandro Becker, não mais Angústia. Sou Bipolar e ainda não entendi completamente o que é isso. Ainda tenho um pouco de medo e sou muito incrédula, mas hoje acredito que as coisas podem dar certo. Afinal de contas, eu consegui pensar claramente e escrever este texto. Eu consegui sair da cama hoje pela manhã e encarei o mundo lá fora. Ainda não é fácil, mas a vida nunca é fácil.


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