quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Fugir da Primavera


Carrego o frio do inverno dentro de mim. Sinto-o como um vento gélido que percorre a minha espinha até eclodir na nuca provocando arrepios por todo o meu corpo. Me abraço forte buscando o calor, mas tudo o que consigo é tremer ainda mais. Procuro por outros braços, mas nenhum abraço me dá calor.

Mãos, braços, tronco, pernas e pés, todos dormentes, o rosto insensível, a boca inerte, tudo adormecido, até o coração está dormente. Sinto-me como as árvores que perdem suas folhas no inverno, contidas dentro de si mesmas. Apenas uma diferença, as árvores suportam o frio que lhes envolvem, eu convivo com o frio que há em mim.

A primavera agora se aproxima, mas tudo o que desejo é fugir dela. Quero me manter contida nesse frio que me petrifica, quero manter meu coração dormente. Enquanto dormente ele nada sente, o amor que o deixou em cacos agora dorme eternamente. Eu fujo da primavera, eu fujo do meu despertar.

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