sexta-feira, 1 de julho de 2011

Não quero, não posso, não tenho permissão...

"O coração, se pudesse pensar, pararia."
Fernando Pessoa


Eu não quero pensar, não posso pensar, não tenho permissão para pensar. O que fazer quando se quer fugir de si mesma? Eu fujo das conversas, das explicações que apenas conduzem a justificativas vazias. Eu me recolho a um silêncio agonizante. E sobretudo, nessa escuridão muda, eu temo o que eu ainda posso vir a descobrir, temo os possíveis pensamentos que posso vir a ter. Eu me sinto como um fantoche manipulado por diversas mãos, minhas mãos, algumas conhecidas e outras estranhas. Mãos ocultas, mãos fantasmas, mãos dementes. É impossível explicar, entender, aceitar e viver com tantos pensamentos. Queria gritar, rasgar a carne e expor tudo. Mas não posso, o que sinto, penso e sou não se expõe, apenas trata-se silenciosamente. E a vida em sua suprema ironia me presenteia com os mais diversos dilemas. E em meio a isso tudo, surpreendentemente, ainda bate um coração.

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