domingo, 21 de novembro de 2010

Me, myself and I

As manhãs de domingo aqui no Rio de Janeiro são sempre iguais pra mim. Os dias passam, o tempo muda, as vezes chove, as vezes faz sol, mas o murmurinho da rua é sempre o mesmo. Uns dias esse murmurinho me incomoda e eu acabo levantando cedo, como hoje. Na verdade eu não sei se foi o murmurinho ou a vontade de acordar mesmo, eu só sei que tinha vontade de escrever sobre algo assim que abri os olhos esta manhã.

Algum tempo atrás eu me preocupei em achar uma resposta para a pergunta: Quem é você? Hoje relendo o que escrevi aqui no blog eu penso "Puuutz, quanta besteira!", mas acho que isso faz parte do aprendizado da vida. E uma das coisas que eu aprendi é que, nos momentos em que você não está em paz consigo mesma a pior coisa que se pode fazer é tentar responder perguntas sem respostas. Talvez seja preciso uma vida inteira de aprendizado para responder a tal pergunta, mas o que eu acho mesmo é que se houver uma resposta, a resposta é só minha e de mais ninguém. Afinal, quem quer receber um rótulo?

E esse é outro tema que eu gostaria de comentar. Hoje em dia tudo precisa de um rótulo com o maior número de informações possíveis. Eu não estou falando somente das coisas que consumimos, estou falando de gente também. Todo mundo deve se encaixar numa categoria, e por via de regra essa categoria te classifica de acordo com um senso comum que me impressiona mais e mais a cada dia. As roupas que você usa, a sua sua sexualidade, o seu trabalho, os seus hábitos alimentares, o seu corpo, os seus vícios,... enfim, tudo aquilo que é externo te classifica antes de qualquer outra coisa.

Quando se vive no Rio de Janeiro você tem que aprender a lidar com esse tipo de coisa. Aqui mais do que em qualquer outro lugar, eu senti uma ansiedade maior em precisar se rotular. Daí, você tem três opções: Muda e se classifica na categoria mais cool que você achar, não muda absolutamente nada na filosofia do "eu sou mais eu", ou procura aprender algo dessa experiência antropológica. Cada uma dessas opções tem seus prós e contras, e eu acho que não existe uma escolha certa, pra mim todas elas são certas, tudo depende daquilo que você considera mais importante, ou daquilo que te faz feliz. Independente da persona que você decida incorporar, somente uma coisa deve permanecer imutável, seja verdadeiro consigo mesmo. Eu acredito que as vezes é preciso interpretar um papel (há quem diga que não), desde que a representação seja limitada a um público específico em momentos específicos eu acho que isso não faz tanto mal. O importante é nunca se deixar perder no mundo dessa persona

Eu já tentei ser outrem, não deu certo, vivia em conflito comigo mesma. Por curiosidade tentei ser eu mesma, descobri que assusto as pessoas. Agora, eu ajusto. Vou dosando entre aquilo que sou e aquilo que preciso ser em determinados momentos. Parece funcionar. Mas o mais importante é que aqui dentro da minha cabeça eu fico somente comigo mesma, me me me! Percebi que acabei desviando um pouco daquilo que queria falar, mas como o objetivo disso aqui é antes de mais nada fazer pensar (e acessoriamente preservar a minha sanidade), acho que o que escrevi deu conta do recado. Para quem não entendeu o sentido do post, sinto muito, mas é isso aí mesmo. Meu novo lema é: Fodam-se as entrelinhas!