sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Waiting

Quem gosta de esperar? Eu particularmente nunca gostei muito de ficar a espera de algo ou alguém. Hoje eu estou aqui sentada esperando, um voo, junto com outras muitas pessoas que simplesmente esperam. Eu coloco meus fones de ouvido, arrumo as pernas sobre a mala numa posição mais confortável e aperto o play do mp3. Surpreendentemente me sinto feliz ao ouvir as primeiras notas, e meus dedos começam a correr pelo teclado, apenas escrevendo bobagens sem sentido algum (ou não). As ideias começam a pipocar, as preocupações começam a sair de suas tocas, daqueles cantos escondidos do meu cérebro, elas são como predadoras que correm atrás das boas idéias. Elas querem me distrair, querem sorver os meus bons pensamentos e novamente me deixar sem rumo. Next song.

Com um novo tom eu recomeço, mando as preocupações para o fundo do meu cérebro e continuo a ter boas ideias. O que escrevo tem algum sentido? Eu não sei se para todos isso faz sentido, mas pra mim isso significa que ainda não estou enlouquecendo. Eu sempre escrevi, desde pequena sempre mantive diários e colecionava lembranças. Bilhetinhos, cartas, fotografias e até mesmo pedrinhas que me lembravam de momentos em lugares onde estive. Por que eu não fiquei somente com as lembranças da memória? Porque nem sempre a gente consegue lembrar das memórias quando quer. Com as lembranças físicas, eu posso pegar e olhar um objeto e automaticamente lembrar. Se eu sempre me lembro de fazer isso é outra história, mas a caixa com todas as lembranças está lá, a vista, para quando eu quiser remechê-la. Nostalgia? Não, eu não me prendo ao passado. Eu apenas me fortaleço com as boas lembranças. Next song.

Não, eu não me esqueci das lembranças tristes, eu apenas não preciso de motivos para me lembrar delas, elas já me marcaram e me mudaram. Tudo nos marca, as coisas boas e  ruins, mas a únicas que valem a pena se apegar são as boas. Eu não sinto que preciso delas, mas as guardo com carinho. De tempos em tempos acabo revirando a caixa e jogando fora algumas coisas. Hoje aqui sentada, enquanto espero, eu gostaria de ter essa caixa de lembranças aqui comigo, porque eu preciso arrumar algumas coisas, me desfazer de algumas coisas desnecessárias e por em ordem aquilo que realmente importa. Next song.

Eu descobri que não tenho mais o que temer com relação ao futuro. Pelo menos não com relação a mim mesma. Eu me preocupo com a família, com o bem estar deles, mas comigo... eu vou muito bem, obrigada. Situação estranha essa de não precisar se preocupar com o dia de amanhã, nem com mais nada. Não que eu não tenha algumas urgências na minha vida, mas eu não me preocupo com elas, tudo depende de mim e eu sei que tudo vai dar certo. Next song.
 
Música melancólica. Dizem que nos momentos de tristeza é que somos capazes de escrever nossos melhores textos. Eu não concordo totalmente com isso, eu sei que em momentos de tristeza somos capazes de nos expressar com mais intensidade, mas eu experimentei a criatividade derivada da felicidade, e essa não deixou nada a desejar. Aliás, tem muita coisa que escrevi naquelas horas de tristeza que hoje acho péssimo. Estando feliz, ou nem uma coisa nem outra, parece que temos mais clareza. Agora eu ri a toa. Ontem eu chorei, ontem eu sofri, mas hoje não mais. Dizem também, que o sofrimento é proporcional a magnitude do amor que se viveu. Se for assim, então o que eu senti foi pouco. É... foi pouco, muito pouco. Muito pouco para que eu perca mais um dia pensando nisso, pouco demais para merecer mais alguma lágrima. Next song.

Caramba, como eu escrevo. Quanta bosta eu escrevo! I'm so sorry. Eu preciso escrever, para dizer tudo, e também dizer nada. Deixar essa tempestade de palavras fugir pelos meus dedos e depois entregar tudo para o cyber espaço. Assim eu tenho a impressão de que não preciso mais voltar aos mesmo pensamentos, renovar as ideias, criar mais espaço para as novas. E que venham! Novas ideias, novos sonhos, novas possibilidades! Ai ai ai, como a vida é boa! Aqui, sentada, enquanto espero... mas só até a hora do voo. Sim, eu só quero esse tipo de espera. Do resto? O resto permanecerá lá, aguardando, mas sem mais contar com a minha espera. Agora eu gargalho a toa. Todo mundo olha pra mim... eles devem achar que eu estou louca. Quem sabe... Ou eu estou louca, ou feliz. Se feliz, melhor. Se louca, então eu posso achar o que quiser, e assim eu acho que estou feliz!

Nenhum comentário: